Celulose pode ter mais dois aumentos de preço neste ano

15/09/09

Mesmo com os preços em alta desde abril, a tendência do mercado é de implementar mais um ou dois aumentos nos valores cobrados pela celulose de mercado para o mercado chinês. Esses aumentos, conforme apurou o DCI, devem ser da mesma ordem de grandeza dos últimos reajustes, entre US$ 30 e US$ 40 a tonelada para a celulose de fibra curta branqueada. Esse caminho tende a ser natural em decorrência da combinação entre dois fatores básicos, a capacidade de produção que ainda se encontra paralisada naquela região e o aumento da demanda pelo crescente consumo de papel no mercado interno daquele país.

Segundo os dados semanais divulgados pela consultoria Foex Indexes, o preço da celulose em 1 de setembro chegaram a seu patamar mais alto em 2009. Nos três principais mercados consumidores da commodity, a curva é ascendente. Na Europa, a fibra longa está cotada em US$ 686 por tonelada, nos Estados Unidos o valor é ainda mais elevado, com US$ 719 por tonelada de celulose de fibra longa, enquanto a de fibra curta está em US$ 558 por tonelada. Na China, a fibra curta está cotada a US$ 534 por tonelada, nessa região, em janeiro o mesmo volume de celulose era comercializado a um valor cerca de US$ 100 menor.

Ontem, o presidente da Suzano Papel e Celulose, Antônio Maciel Neto, classificou como impressionante a demanda chinesa por celulose durante reunião com analistas de mercado e investidores promovida pela Apimec-SP. O executivo disse que em sua viagem à China, realizada em agosto, onde visitou oito empresas pelo país, viu que os estoques baixaram e que hoje, a demanda verificada atualmente tem como objetivo a reposição desses estoques que ainda não estão no mínimo recomendado, “há uma recuperação que está sendo realizada aos poucos”, completou ele.

“Mantidas as condições do mercado e se a economia não piorar, vai ter aumento” afirmou o executivo. “Os preços ainda estão baixos assim como os estoques e há fábricas fechadas. Com isso, é possível que possa ser implementado mais um ou dois aumentos de preços na celulose neste ano, isso com base nos fortes fundamentos da economia chinesa”, indicou ele. Essa tendência de aumento é compartilhada pelo diretor presidente da Cenibra, Fernando Fonseca, empresa cujas vendas para o país oriental subiram praticamente 100%.

“A China representava 15% de nossas vendas, hoje, esse nível é de 30%”, disse ele. Porém, para o executivo, é capaz de entrar apenas um aumento até o final do ano, mesmo com a demanda mantendo a tendência de alta em decorrência do que chamou de recomposição de estoques, o que vai ao encontro do que o presidente da Suzano observou sobre o comportamento das produtoras chinesas de papel.

Estabilidade

Mesma posição defende o analista de mercado de papel e celulose da Tendências Consultoria, Bruno Rezende. Ele disse que novos aumentos são possíveis, mas com menor intensidade e até mesmo poderá ocorrer uma interrupção de alta no final do mês pela sazonalidade e uma nova alta em dezembro a índices mais moderados dos registrados.

Na opinião de Geraldo Ferreira, diretor da Asia Pulp & Paper no Brasil, esses seguidos aumentos de preços não são sustentáveis e as empresas na China estão estocadas o que pode gerar uma parada nos pedidos caso o preço da celulose continue a subir. Segundo o executivo da maior produtora de papel chinesa, está se criando na Ásia uma espécie de bolha, que pode estourar em breve. “Esses aumentos vieram muito cedo, a crise acabou de acontecer, deveriam chegar em um ano e meio ou dois”, comentou Ferreira. “O aumento de preços chegou em péssima hora. Preço alto em outubro novembro não vai colar”, afirmou ele ao se referir ao período de baixa demanda na China.

Maciel rebateu o argumento de que os estoques naquele país estivessem altos. “Não foi o que eu vi nas empresas que visitei, fiquei 10 dias na China para ver isso”, reiterou ele. Fernando Fonseca se mostrou cético quanto à situação de estocagem chinesa. “A demanda continua forte e acho que não tem grandes possibilidades de mudança na política chinesa com os incentivos de crescimento interno. Parar de comprar? Somente se parar produção, essa demanda é para a recomposição e não aumento de estoque”, completou ele.

Procurada, a Fibria, empresa originada da compra da Aracruz pela VCP, afirmou que não comentaria o assunto.

Fonte: DCI

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